sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Papa léguas


E com esse par de tênis, percorri um universo de coisas boas e algumas nem tanto. Conheci lugares, pessoas, ritmos, sabores, canções etc. Boas lembranças, boas andaças. Viagens, festas, jardins e frestas - és meu confidente. Percorremos nosso pequeno mundo, eu e você, meu par de tênis sacristão.

Nas ocasiões corriqueiras, biroscas e mulheres baderneiras. Nos muros bêbados, nos riachos secos e nos portões de goma. Na calada da noite, na correria, na pajelança és meu eterno ponta de lança.

Agora eles estão guardados e, mesmo que não sejam mais utilizados, não deixarão de ser umas das minhas mais estimadas jóias de lembrança.

Lucas .

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A clareza da escuridão

E a cinza do cigarro denuncia a sombria destreza da inimga do dia,
vozes do além ou dali ecoam o hino dos leprosos,
uma várzea repleta de morcegos errantes aflora
e o breu nos conclama a uma última valsa, último trago...
última aurora fúnebre.
Boa Noite, até breve.
Até a última gota de neve cinza jorrar de nossos cigarros boêmios,
até o último zumbi debruçar-se em palmares,
até o coveiro desejar bom dia a quem a sete palmos está.
E que o próximo gole podre de bálsamo mije as catacumbas fétidas,
está bem claro,
o nosso leste é para poucos.

Ao meu amigo Guilherme.

Lucas .

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

As lágrimas do mundo são inalteráveis. Para cada um que começa a chorar, em algum lugar outro pára. O mesmo vale para o riso.

Até hoje chove, Pedro, São?
O Luís já não aguenta tanto.
Tanta, o Redentor já não aguenta tanta dengue.
Aí, mãe! Me veja um unguento pra aliviar essa gripe.
Mal tempo e o vento.
Levantar da cama, nem tento.
Preguiça vem de dentro.
Tempo muito mau!
Lá fora chuva, lá fora, fora chuva!
Atrasado em maio, aqui não tem metrô.
E os metros se arrastam em vinte minutos, atraso.
Metrô.
O império do biquini, a decadência do maiô.
Opa, opa, Pedrinho! Passou-se o dia do trabalhador.
Hoje é sexta, dia de labuta, de cerveja, de cerveja - da melhor, do futebol..
Pá e pum!
Ontem teve futebol..

Bom noite, boa dia!

_______________________________

O que o futuro nos oferece em maio?
Já nem sei, já nem quero, nunca me oferecem, nunca me atraio.
Sempre esperei muito da vida, em maio.
Em maio?
É, mas essa de destino nos oferece o que a gente desmerece.
Dizem que paciência é uma virtude...
Toda mãe é uma virtude e eu já não tenho mais paciência, virtude é para poucos.
E essa de destino, obistinado em ser campeão dos sustos.
Me vem com essa de amargura de novo.
Depois da labuta de tantos maios, o destino prevalece.
E é mais um fruto podre que aparece.
E é mais um mês que passa.
E são mais outras águas que rolam.
E o que eu peço é que esse mês passe de vez..
Levando a praga, lavando a água, chovendo a mágoa de mais um mês.

Destino, como te odeio!
Quem diria?
Logo na semana de Maria.

Mês de maio.

[mãe, te amo! Deus há de ajudar!]

_______________________________

Há poucos meses de um ano, canções de desespero me acompanham e encomodam.
Há muitas semanas, o horizonte é incerto.
Há muitas garrafas de vinho, a desilusão dilacera um coração mundano.
Há poucos dias venho rezando, implorando.
Aves e Marias se confundem nesse turbilhão de amores, dores e cachaça.

Hoje torço aos prantos, para que, o horizonte esteja límpido e que a chuva lave então todo o desespero de nossos corações.

À minha família,
Lucas.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

E a noite


Agora eu desperto pra tudo aquilo que me esperta. O dia se torna um espectro, esterco comparado á Lua que me banha e abençoa.
Convencida a noite se esparrama, nutrida de uma fúria algoz.
Das nove pra lá, a noite me chama pro bar.

Ébria e sombria, rica e viva é a noite.
Pobre e coitado é o dia.

Lucas .

O poeta faliu

De tanto empréstimo,
o imprestável quebrou.
De tanta gana, a cana acabou.
É tanto banco, é tanta banca -
o vagabundo quebrou.
E os tributos, ah os tributos!
Mais um empréstimo, mais um imposto
sai pra lá encosto.
Encosta a cabeça num livro, encosta a cabeça no travesseiro.
Dorme, acorda, trabalha.
Trata de acordar, e,
vem pra mesa enriquecer o poeta que,
faliu sem ter com quem prosear.


Lucas .

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Capa para um romance

Como diria um título de Sidney Sheldon: Nada dura para sempre. Mas ela ta falando sobre o nada, que é realmente muito vago e não soa bem com a palavra sempre. O que eu realmente me importo é com o tudo, esse sim combina com tudo menos com o nada. Reinado nenhum dura pra sempre, dinheiro, carro, festas etc. Isso tudo cai bem o com nada de Sidney. Já o meu tudo, digo desde já é o Amor, e, se assim nos sorrir sempre o destino - nosso livro já tem título e capa grossa:
TUDO DURA PARA SEMPRE.


M. & L.
L. & M.

Sem hora do Tempo.

E roda, gira, contorna e entorta o Homem. Tique taqueia como nunca, passa e passa. Mas gozando de tanto Poder, venho provar que és o mais relativo que a própria Realtividade. O que é um dia para um Cosmonauta? O que é uma noite no Pólo Norte? Tenho em meu coração a prova viva de que és um bosta! Tenho em meus pensamentos uma coisa que milésimo nenhum ou algum possa tirar, estou munido da Senhora do Tempo. Senhora essa que me roubou um beijo e ridiculariza cada segundo do Tempo.

Minha Senhora, transforma um dia inteiro numa noite eterna de carinhos e carícias.
Minha Senhora que diminue ou aumenta, ao bel prazer a velocidade com que a Terra gira, com um só beijo.
Minha Senhora que faz do tic-tac uma explosão de tum-tum (s2).

Já não ando torto, já não te reconheço.
Estou sem hora marcada pro Tempo, estou apaixonado.
Te amo, Senhora do Tempo.